A premissa principal da geração de valor em saúde é colocar o paciente no centro do cuidado. Mas o que isso significa? Conceitualmente, geração de valor se refere ao tipo de produção alcançada em relação ao seu custo. É imprescindível compreender o que é e como mensurá-la, pois faz parte do ciclo de melhoria contínua de qualquer empresa.
Elizabeth Olmsted Teisberg, PhD e professora na Escola de Negócios da Universidade da Virgínia (EUA), escreveu, em conjunto com Michael Porter, professor de Harvard e um dos maiores pensadores em estratégia empresarial, o livro Repensando a Saúde. Lançada em 2006, a obra define o valor na assistência médica como “os resultados de saúde do paciente alcançados por dólar gasto”. De acordo com Teisberg e Porter, a geração de valor deve ser o principal objetivo em um sistema de saúde, pois é o mais importante para os pacientes e também para os atores que fazem parte deste ecossistema. O livro deu origem ao conceito de VBHC, Value-Based Healthcare (ou “saúde baseada em valor”, em tradução livre do inglês).
De forma ainda mais ampla, a geração de valor em saúde pode ser entendida também como o resultado obtido em relação aos custos, sendo que esses custos foram necessários para atingir o resultado. É um processo gerencial e de análise formado por três pilares estratégicos/operacionais: identificação da necessidade do procedimento, desfecho clínico e controle de desperdício.
Os pilares do valor em saúde
Identificação da necessidade do procedimento
É preciso saber se determinado procedimento é necessário ou não. Se a ação foi realizada de forma desnecessária, ainda que a experiência do paciente tenha sido excelente e o custo adequado, há problemas de processo.
Desfecho clínico
É preciso avaliar qual foi o desfecho clínico dos pacientes, com medições como acompanhamento após a alta e experiência do cliente.
Controle do desperdício
A orientação é acompanhar atentamente os processos e identificar desperdícios.
Atualmente há uma tendência de descentralização do cuidado em resposta aos desafios de sustentabilidade e novas demandas de mercado. Isso sem mencionar a falta de indicadores confiáveis para aferição de valor, muitas vezes por causa de processos incorretos de reembolso e falta de concorrência baseada em resultados reais, por exemplo.
A geração de valor em saúde pode ser demonstrada pela seguinte equação:
Geração de Valor em saúde = Qualidade x Experiência do paciente / Custo
Na fórmula mostrada acima, a experiência do paciente é medida por meio do NPS (sigla para Net Promoter Score), uma ferramenta que mensura os índices positivos e negativos.
Agora já sabemos que o custo é uma variável do processo de geração de valor em saúde, e que está diretamente ligado ao desperdício. Mas como atuar para minimizar esta variável? Na minha visão, uma das formas de mitigar o desperdício é por meio da digitalização e da automação de processos.
Quando falamos em digitalização na Saúde, não falamos apenas de digitalizar documentos, mas de melhorar os processos digitalmente, que é exatamente o que a Neomed faz no serviço de laudos à distância dos exames de métodos gráficos, em que toda a experiência do paciente e do colaborador é digitalizada. E você não tem emissão de papel.
Por exemplo: Hoje temos a ‘gaveta de laudos’ em nosso sistema chamado Octopus. No passado, era muito comum nossos clientes reclamarem que perdiam as folhas de exame do paciente, que não encontravam o laudo (o laudo era impresso e guardado em uma gaveta física). A perda do laudo fazia com que tivesse que ser gerado um novo, com nova chamada do paciente, gerando um grande desperdício.
Trabalhar orientado pela geração de valor em saúde para o paciente é uma estratégia transformadora, pois exige um redesenho de processos e também uma completa mudança de mentalidade dos gestores da área da saúde. A partir de ações como coleta e monitoramento de dados, é possível entender a estrutura financeira e organizacional da empresa.
Já é consenso que o aumento na geração de valor beneficia todo o ecossistema da área da saúde, formado predominantemente por pacientes e fornecedores. E não é só a sua empresa que melhora. Os reflexos da sustentabilidade econômica beneficiam todo o sistema. A geração de valor traz inovação, qualidade, segurança e é peça fundamental no processo de expansão do acesso dos cidadãos a cada vez mais serviços médicos.
Inovação é fundamental para a geração de valor na área da saúde. Um atendimento rápido, assertivo e especializado – mesmo em regiões onde faltam médicos – melhora a qualidade de vida das pessoas. Soluções como o Octopus ou o Kardia, da Neomed, são exemplos dessas melhorias e garantem um tratamento ágil, seguro e eficaz.
Gustavo Kuster é doutor em Neurologia, Fundador e CEO da Neomed, healthtech brasileira que desenvolveu uma plataforma inteligente e integrada para reduzir a distância entre os sintomas e o tratamento. Kuster é Doutor em Neurologia pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Neurologista pela Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina (EPM) e Membro do Conselho da ABTMS. Também é membro do conselho editorial do Medscape em português (Neurologia e Inovação) e do Conselho Consultivo na Allm Inc (startup japonesa de saúde).
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