De acordo com o estudo realizado em 2019 pelo Global Burden of Disease (GBD), estima-se que, somente no Brasil, 6,1% das pessoas têm alguma doença cardiovascular. Dentro dessa porcentagem, pode-se também incluir o bloqueio atrioventricular (BAV).
Esta condição pode alterar significativamente o ritmo cardíaco e, apesar de não ser tão comum na população brasileira, deve-se ter atenção, por ser uma doença considerada grave, a depender do grau em que aparece.
O que é bloqueio atrioventricular
O bloqueio atrioventricular é uma alteração no sistema de condução elétrica do coração, caracterizada por um atraso ou interrupção parcial ou total da transmissão do impulso elétrico entre os átrios e os ventrículos.
Esse sistema é responsável por garantir que o coração bata em um ritmo coordenado, bombeando sangue de maneira eficiente para o corpo.
O BAV pode ser causado por uma série de condições, como doenças degenerativas do sistema de condução, infartos, inflamações, infecções ou fatores congênitos.
Em idosos, a degeneração do sistema elétrico é uma causa comum, enquanto em jovens, infecções ou condições autoimunes são frequentemente associadas.
Quais sãos os graus de bloqueio existentes
O bloqueio atrioventricular pode ser dividido em três graus. Cada um representa um nível diferente de interferência no sinal elétrico.
Bloqueio de primeiro grau
Este é o mais leve dos graus, caracterizado por um atraso no envio do impulso elétrico. Geralmente, não causa sintomas perceptíveis e é identificado durante exames de rotina.
Bloqueio de segundo grau
Neste caso, alguns sinais não chegam aos ventrículos, levando a batimentos cardíacos irregulares. Existem dois subtipos: Mobitz I, que apresenta intervalos progressivamente mais longos, e Mobitz II, caracterizado por falhas inesperadas no ritmo.
Bloqueio de terceiro grau
Por fim, o grau 3 indica uma desconexão total entre átrios e ventrículos, resultando em um ritmo cardíaco significativamente alterado. Essa condição requer atenção mais detalhada e pode demandar intervenções específicas.
É importante ressaltar que pacientes que venham a ter o bloqueio de níveis 2 e 3 podem apresentar altas chances de morbimortalidade, caso não sejam identificados rapidamente.
Além disso, uma pesquisa publicada em março de 2016 na Revista Latino Americana Relampa, mostrou que, no Brasil, a maior parte da população com alto índice de bloqueio atrioventricular é do sexo masculino, com idade mais avançada.
Quais são os sintomas e como impactam no dia a dia do paciente
Os sinais podem variar, dependendo de sua gravidade. Enquanto alguns casos de primeiro grau são assintomáticos, graus mais avançados podem trazer fadiga, tontura, palpitações e até desmaios.
Os sintomas do bloqueio atrioventricular estão relacionados à dificuldade do coração em manter um ritmo adequado. Estes sintomas podem impactar diretamente o dia a dia das pessoas com esta doença, causando limitações tanto físicas quanto emocionais, dependendo da gravidade.
Entre os mais frequentes estão:
- Cansaço constante — relatado em graus moderados e avançados, está associado à redução na eficiência do bombeamento sanguíneo. Pacientes podem sentir fadiga mesmo em atividades leves.
- Palpitações — batimentos irregulares ou sensações de pulso fraco são comuns, especialmente no segundo e no terceiro grau.
- Tontura e desmaios — a interrupção severa dos impulsos elétricos pode diminuir o fluxo de sangue para o cérebro, causando síncope, algo observado em até 30% dos pacientes com BAV completo.
- Dificuldade em realizar atividades físicas — a baixa frequência cardíaca limita a capacidade do coração, comprometendo até mesmo os exercícios mais simples;
- Dor no peito ou desconforto — está relacionado aos esforços físicos, geralmente, quando o coração não consegue acompanhar a demanda por sangue oxigenado.
Pacientes com sintomas leves frequentemente relatam dificuldades para manter o mesmo ritmo de trabalho ou lazer, enquanto aqueles com bloqueio avançado enfrentam restrições mais severas, como a impossibilidade de dirigir ou de realizar atividades de forma independente.
Nesse sentido, o impacto emocional, como ansiedade e medo de desmaios, também é significativo. Pessoas que necessitam de um marcapasso experimentam melhorias substanciais após o procedimento, mas podem levar meses para se ajustar psicologicamente.
Além disso, é importante destacar que, em casos assintomáticos, como no primeiro grau, muitos pacientes só descobrem o bloqueio atrioventricular por meio de exames de rotina. No entanto, esse diagnóstico é um alerta para monitorar e evitar complicações futuras.
Quais são as causas do bloqueio atrioventricular e como identificar a doença
O bloqueio atrioventricular pode ter origens variadas, incluindo fatores congênitos e adquiridos, e está relacionado à interferência no sistema elétrico que regula os batimentos cardíacos.
Sua identificação depende de uma análise detalhada de sintomas e exames, que ajudam a compreender as condições que levam ao problema. Com causas que vão desde doenças cardiovasculares e infecções até o uso de medicamentos, o BAV pode se manifestar de formas leves ou graves.
A seguir, pode-se entender melhor sobre as diferenças entre as causas congênitas e adquiridas:
- Fator congênito — embora seja raro, o BAV congênito acontece quando o sistema elétrico do coração não se desenvolve adequadamente. Pode aparecer em recém-nascidos cujas mães tenham doenças autoimunes.
- Fator adquirido — o bloqueio atrioventricular adquirido pode ser decorrente de outras doenças cardiovasculares como o infarto, uso de medicamentos ou até intervenções médicas como ablação por cateter.
Para identificar o bloqueio atrioventricular é preciso realizar uma avaliação clínica que inclui exames, sendo o eletrocardiograma (ECG) o principal deles.
Além do ECG, outros exames podem complementar para um diagnóstico mais preciso. Ecocardiograma e teste ergométrico, por exemplo.
Embora muitos casos de BAV sejam descobertos em exames de rotina, sintomas como desmaios ou fadiga não devem ser ignorados, principalmente em pacientes com histórico de doenças cardíacas ou idade avançada.
Como a tecnologia pode ajudar a identificar um bloqueio atrioventricular
A tecnologia traz facilidades nas atividades do dia a dia, sendo também a principal aliada da área da saúde. O uso de smartwatches, por exemplo, pode ajudar a identificar uma possível arritmia, como a fibrilação atrial. Entretanto, também é possível detectar precocemente outros problemas cardíacos, como o bloqueio atrioventricular.
Outra inovação é o uso da inteligência artificial para diagnósticos mais rápidos e precisos. Uma ferramenta que já faz parte da rotina de hospitais e clínicas é o Kardia, desenvolvido pela Neomed.
Utilizado para laudar eletrocardiogramas, o sistema oferece laudos rápidos e confiáveis. Em apenas cinco minutos, o resultado do exame está disponível para avaliação, com suporte de uma equipe de cardiologistas online 24 horas por dia.
Com o Kardia, hospitais e clínicas têm acesso a diagnósticos mais ágeis e assertivos, otimizando o cuidado com os pacientes.
Quer conhecer essa tecnologia? Agende uma demonstração e descubra como ela pode transformar o atendimento na sua instituição.