Interoperabilidade na saúde: qual a importância para os Sistemas de Informação da Saúde (SIS)

O cotidiano hospitalar possui atividades intensas e complexas. Seus procedimentos envolvem alterações frequentes do estado clínico dos pacientes, variações na estrutura dos processos hospitalares, e o envolvimento de vários profissionais de diferentes formações e culturas (RIBEIRO, 2010). Todas as informações produzidas, referentes ao paciente, são de grande importância para o seu tratamento. Porém as instituições que ainda não praticam a interoperabilidade na saúde, acabam tendo mais etapas, deixando a assistência médica mais lenta, prejudicando o workflow do procedimento. 

Ter fácil acesso a esses dados de saúde, como informações de prontuários, quadro clínico, resultados de exames em uma única plataforma, agiliza toda a assistência médica, e é uma das vantagens da interoperabilidade na área da saúde. 

Pensando nisso, no artigo de hoje, abordaremos o que é a interoperabilidade na saúde, sua importância, seus desafios e um breve passo a passo para aplicá-la em sua instituição. Além de apresentar uma ferramenta que pode facilitar esse processo. Confira.  

O que é interoperabilidade?

Interoperabilidade é a integração de diferentes aplicativos, dispositivos e sistemas de informações (SI), possíveis de acesso, trocas e compartilhamento de dados com todos os sistemas da organização. Em outras palavras, a interoperabilidade é a “capacidade de um sistema para interagir e comunicar com outro” (HOLANDA, 2013).

A medicina tem mudado seus paradigmas, seguindo a direção de um tratamento preventivo, totalmente focado no paciente. Nesse caso, a interpretação dos dados clínicos do doente são extremamente cruciais para as tomadas de decisão e obtenção de resultados promissores (J. Health Informatics, 2016). 

Ainda segundo o Journal Health Informatics, a interoperabilidade é essencial para a instituição de saúde por: 

  • proporcionar ao profissional de saúde uma visão holística de todo o histórico médico do paciente
  • auxiliar o profissional de saúde, com a automatização hospitalar de procedimentos computacionais
  • permitir a utilização de todas as informações desenvolvidas ao longo dos anos para o processamento dos dados do paciente, gerando alertas, notificações e lembretes.

Garantir a interoperabilidade na saúde entre as prestadoras, sejam elas públicas ou privadas, é um dos principais objetivos da medicina atual. Porém, ainda se estuda a troca de dados entre essas instituições, para não colocar em risco a proteção de dados do paciente. Por enquanto, a interoperabilidade pode ser executada dentro da organização, e mesmo assim apresenta um desafio para a gestão. 

Diante das diversas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) que facilitam a criação de dados, informação e de conhecimento médico, a interoperabilidade surge para integrar tudo em um único lugar. Permitindo a comunicação entre diversos sistemas de  informação e  aplicativos  de  software, além da troca de dados e utilização de informações para suportar a assistência médica.

Benefícios da Interoperabilidade na Saúde 

Aplicada em uma instituição de saúde a interoperabilidade pode proporcionar benefícios como:

  • Mais agilidade nos procedimentos;
  • Aumento da integração de setores e equipes;
  • Workflow mais ágil e fluido;
  • Aumento na precisão, qualidade e quantidade de dados;
  • Redução de trabalho refeito;
  • Transmissão de dados entre seus Sistemas de Informação da Saúde (SIS);
  • Redução de custos;
  • Empresa mais sustentável, paperless (sem papel).

Com a realidade do uso de novas tecnologias, integrar as informações e os dados clínicos tornou-se uma necessidade evidente para as instituições de saúde. Nesse sentido,  a interoperabilidade surge como um ponto de apoio fundamental aos Sistemas de Informação da Saúde utilizados nas instituições. Afinal, todo gestor sonha em ter um sistema que unifique todos os dados dos pacientes, de exames, ficha clínica e prontuários.

Interoperabilidade na saúde

Desafios da Interoperabilidade na Saúde

Apesar dos avanços e da facilidade apresentada pela interoperabilidade na saúde, sua implementação resulta em alguns desafios para os gestores. Sua primeira missão é adequar uma linguagem que se comunique com todas as áreas correlatas, mas como fazer isso quando o universo terminológico da medicina é imenso?

Para que haja uma troca de informação útil é necessário a estruturação do padrão comunicacional da organização de saúde, em que a terminologia utilizada seja reconhecida por todas partes. Surge aí um grande desafio para a área de saúde, já que, os termos utilizados, o vocabulário, os descritores das doenças, os conceitos, a identificação dos equipamentos, e tantos outros, são procedimentos que trazem grande complexidade. Padronizar a terminologia na documentação clínica, coopera para um entendimento do caso do paciente, a nível universal. 

Outro desafio da interoperabilidade na saúde é a certificação sobre a segurança de informações médicas. Ao armazenar, centralizar e compartilhar dados de saúde, todas as informações devem ser asseguradas e protegidas. A segurança da informação do paciente é uma pauta muito em voga desde a introdução de novas tecnologias na medicina. Atualmente, além dos padrões já estabelecidos, em 2020, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor, prezando pela confidencialidade, integridade e disponibilidade desses dados.

“O recurso mais valioso do mundo não é mais o petróleo, mas sim os dados.” (The Economist, 2017). Essa afirmação, apesar de parecer sensacionalista, representa a influência dos avanços tecnológicos para os negócios. Obter dados de naturezas pessoais e sensíveis pode ser a chave para o sucesso ou o fracasso da instituição. Se assegurado e utilizado a favor da organização, pode produzir valiosas negociações, mas se cair em mãos erradas, pode causar retrabalho, golpes, processos e muita dor de cabeça. 

Assegurar dados de saúde em um processo de interoperabilidade, para a norma de segurança ISO 27001, trata da proteção da informação e dos SIS’s contra o acesso ou modificação de dados sem autorização. Tudo isso, administrado por meio de requisitos e políticas de controle, como:

  • Políticas de segurança;
  • Organização da segurança de informação;
  • Segurança de recursos humanos;
  • Gestão de bens;
  • Controles de acesso;
  • Criptografia de ponta a ponta;
  • Segurança física e ambiental.

São vários os desafios da interoperabilidade, podendo ser agrupados nas categorias de privacidade, disponibilidade, confiabilidade, segurança, arquitetura e política (ANDRADE NETO, 2018). Porém apesar de desafiante, introduzir a interoperabilidade em uma organização hospitalar deixou de ser apenas uma tendência, para se tornar uma exigência, proporcionando melhoria dos sistemas internos de saúde.

Qual a importância da interoperabilidade dos sistemas utilizados nas instituições

Cada Sistema de Informação de Saúde (SIS) detém um enorme número de dados, consequentemente, causando grandes ilhas de informações, onde não há interoperabilidade de sistemas. Para prestar uma assistência médica de qualidade, o profissional deve ter acesso a informações relevantes de diagnóstico, histórico clínico etc. Tudo isso, para tomar a melhor decisão, justificada pelas informações recolhidas (RIBEIRO, 2010).

Um SIS eficaz conduz a alta qualidade de prestação de cuidados, disponibilizando todas as informações, como o caso do Manifest MedEx – empresa americana que unifica dados de fontes provedoras e pagadoras de saúde na Califórnia utilizando o HealthShare da InterSystems. 

Com sistemas interoperáveis, essas informações virão de todas as fontes informacionais da organização, contribuindo para uma cooperação entre os diferentes profissionais, departamentos, equipes, e, até mesmo, outras instituições parceiras. Com isso, a instituição evolui de um tratamento de processos isolados, para uma medicina colaborativa, entre os vários intervenientes da prestação de cuidados. 

Além disso, a interoperabilidade na saúde permite a redução de incidências de erros médicos, sendo a falta de comunicação entre equipes um dos maiores pivôs. Além de possibilitar:

  • Comunicação com paciente via web;
  • Monitorização remota;
  • Sistemas de suporte à decisão;
  • Mais eficiência nas tarefas administrativas e clínicas;
  • Facilidade na investigação clínica;
  • Integração com equipamentos e dispositivos médicos;
  • Redução de custo. 

A redução de custo, geralmente ligada a interoperabilidade na saúde, está de acordo com o sucesso da implementação. Assim, menos gastos são gerados por meio da redução de duplicação de Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT’s) realizados, redução de terapias e medicamentos errados, melhor articulação com as farmácias, e tantos outros benefícios que cooperam para essa redução (RIBEIRO, 2010). 

Passo a passo para alcançar a interoperabilidade

Até aqui sabemos os desafios e os diversos benefícios da implementação da interoperabilidade na saúde. Traremos então um passo a passo de como alcançar a interoperabilidade em uma clínica, laboratório, e ou, hospital. 

Para isso, é preciso que a área de TI da instituição esteja pronta para receber a atualização. É recomendado aumentar o alcance físico dos sistemas, instalando data centers por onde for necessário, em pontos estratégicos da instituição. Tudo isso, para dar suporte à infraestrutura da implementação da interoperabilidade. Veja o passo a passo a seguir:

  1. Participar do projeto, e dos processos, dos desenvolvimentos dos padrões. Atualmente há diversas agendas de implementação da interoperabilidade na saúde, como a da já citada ISO, e do relatório recente da Associação Americana de Hospitais. Essas diretrizes discutem a importância da integração colaborativa nos tratamentos. Outra forma de  fazer isso é se envolver com o processo de Padrões para Interoperabilidade Brasileiro (ePING).
  1. Encorajar parceiros e fornecedores para seguir a compatibilidade no design dos sistemas. Além disso, também é indicado usar de sua influência como comprador de TI para saúde, promovendo a preferência por produtos e sistemas alinhados a padrões FHIR.
  1. Padronizar os sistemas da instituição, reduzindo a quantidade e encontrando um caminho para simplificar o gerenciamento de dados do paciente. 
  1. Preferir a utilização das APIs, Interfaces Abertas de Programação de Aplicativos. Essas interfaces facilitam o tráfego de dados ao abrir os SIS para plataformas externas.
  1. Planejar a atualização sistêmica da instituição de saúde. Os sistemas mais antigos e ultrapassados podem atrapalhar a implementação de interoperabilidade na saúde. No entanto, geralmente a troca de sistema não é permitida, levando os TI da saúde a identificarem sistemas que estão longe de vencer, para fazer a atualização correta.
  1. Investir em infraestrutura de edge. As constantes demandas de dados e a entrega de informações, disponíveis a qualquer momento, faz com que a TI tenha que contar com uma infraestrutura resiliente, eficiente e edges escaláveis. Para isso, será necessária uma alimentação de energia e de um sistema de refrigeração robustos, garantindo continuidade dos processos hospitalares. 

Soluções Neomed que contribuem para a interoperabilidade

A plataforma Octopus da Neomed conecta-se a todos os equipamentos médicos disponíveis no mercado, capturando os dados dos exames e integrando as informações em uma única plataforma. A partir da sua chave de acesso, o gestor tem um dashboard interativo para fazer o acompanhamento e controle de todos os exames realizados na instituição. Os dados ficarão sempre disponíveis, possibilitando a sua consulta quando precisar, com a facilidade da ferramenta de busca pelo nome do paciente. 

A API da plataforma Octopus apresenta um sistema interoperável, capaz de integrar-se com os principais sistemas do mercado, PACs e prontuários, como  MV, Tazy e Pixeon, Feegow. Além de garantir proteção das informações, seguindo os padrões de segurança, apresentando criptografia de ponta a ponta, login e usuário pessoal intransferível.   

Apesar do rumo à implementação da interoperabilidade parecer longo e desafiador, os benefícios que vem com ela são imensuráveis. O que antes era apenas uma tendência, atualmente, encaminha-se para ser uma exigência do mercado, deixando no passado, instituições de saúde que não os cumprem. Alcançar a interoperabilidade na saúde pode ser uma tarefa mais fácil quando feita com inovações como essas. Fale com um dos nossos especialistas, e saiba de todos os benefícios da nossa plataforma detalhadamente. 


Referências: 

RIBEIRO, Lucas Felipe da Silva. Interoperabilidade nos Sistemas de Informação de Saúde – das convicções à realidade. Mestrado de Informática Médica Faculdade de Ciências | Faculdade de Medicina, Universidade do Porto. 2010

ANDRADE NETO, Jorge Aguiar de. Os desafios da interoperabilidade em operadoras de medicina de grupo, nas percepções dos médicos assistentes, gestores de unidade de atendimento assistencial e gestores de TI. Dissertação (MPGC) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo. 2018

Siqueira, O. M. P., Oliveira, R. A. N. de, Oliveira, A. A. de. INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE COM A UTILIZAÇÃO DE SERVICE ORIENTED ARCHITECTURE (SOA). JISTEM Brasil. 2016

MORENO, Ramon Alfredo. Interoperabilidade de Sistemas de Informação em Saúde. J. Health Inform. 2016.

AMOM, Mitzi L. 6 passos para a Saúde alcançar a interoperabilidade. Medicina S/A. 2019

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