O ritmo cardíaco descompassado é uma das principais queixas de pessoas que sofrem com algum tipo de condição cardíaca. E, às vezes, implantar um marcapasso se torna a solução para restaurar os batimentos e ter qualidade de vida.
Os cuidados com a saúde do coração também devem estar inclusos nos exames de rotina. São nesses exames que o diagnóstico precoce auxilia na necessidade do uso de aparelhos como esse.
Por isso, preparamos um guia completo para entender como funciona o marcapasso. Confira e tire suas dúvidas.
Quando surgiu o marcapasso?
Foi na década de 50 que surgiu o primeiro marcapasso que pode ser implantado em pessoas. O inventor é Wilson Greatbatch que, por acaso, ao tentar criar um aparelho para registrar as batidas do coração, percebeu que trocou o resistor e o dispositivo criado estava simulando os batimentos cardíacos.
Entretanto, o sueco Rune Elmqvist também é reconhecido como inventor do dispositivo. Em 1958, Rune e Wilson desenvolveram o marcapasso implantável com transistores. Quem o recebeu foi Arne Larsson, que viveu por mais de 40 anos após a cirurgia, um marco para a área da Cardiologia.
Wilson Greatbatch fundou sua empresa na década de 70. A companhia até hoje é referência no segmento de marcapassos.
Atualmente, com a evolução da medicina, encontramos modelos mais sofisticados e com recursos avançados e confiáveis.
O que é e como funciona um marcapasso?
O marcapasso é um pequeno objeto eletrônico que é implantado no tórax, logo abaixo da clavícula, e é conectado ao coração por meio de um eletrodo. Para funcionar corretamente, é preciso programá-lo e só então fixá-lo na pele.
Este dispositivo transmite sinais elétricos que regulam os batimentos cardíacos e é indicado para pessoas que têm bradicardia ou outros tipos de arritmia, como a fibrilação atrial.
O marcapasso monitora constantemente o ritmo cardíaco e, ao identificar alguma irregularidade, envia sinais para o coração recuperar as batidas habituais.
Em segundos, o estímulo elétrico gerado pelo coração é captado pelos eletrodos que fazem o papel de captação e transmissão.
Suas principais funções são monitorar, detectar irregularidades, envio de impulsos e ajustes automáticos.
Em suma, o marcapasso auxilia a manter o bombeamento do sangue em equilíbrio, por meio de batimentos cardíacos regulares.
Quais são os tipos de marcapassos existentes?
Com os avanços nas pesquisas da área, atualmente encontra-se uma variedade de dispositivos. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), os marcapassos subdividem-se em:
- Temporários ou definitivos;
- Unipolares ou bipolares;
- Unicamerais, bicamerais ou multissítio.
Os temporários são utilizados para o tratamento da bradicardia reversível. Já os definitivos são para a bradicardia irreversível. Também podem ser utilizados para tratar lesões potencialmente danosas.
Os tipos unipolares são aqueles que possuem apenas um pólo que entra em contato com o miocárdio. Normalmente é o pólo negativo e somente os marcapassos definitivos têm essa opção.
Os bipolares possuem os dois pólos, negativo e positivo, e têm suas variações tanto para modelos temporários quanto definitivos.
Por fim, os unicamerais estimulam ou monitoram apenas o átrio ou o ventrículo. Quando o marcapasso é bicameral, tanto o átrio quanto o ventrículo são estimulados/monitorados por ele.
No entanto, são mais comuns os marcapassos multissítio, que incluem em sua configuração eletrodos e gerador com a finalidade de estimular e/ou monitorar o átrio direito e os ventrículos direito e esquerdo.
Além dessas variações de marcapasso, eles podem ser denominados como:
- De demanda ou não competitivos — respeita o ritmo de batimentos do paciente;
- Assincrônico ou competitivo — quando não reconhece a presença de atividade elétrica.
A depender da forma como os eletrodos foram implantados, há também duas classificações distintas:
- Endocárdicos — via transvenosa;
- Epicárdicos — via toracotomia (esta raramente utilizada)
Por fim, existem as opções não programáveis, programáveis e multiprogramáveis, que estão relacionadas à capacidade do sistema em alterar os parâmetros. Atualmente, os marcapassos definitivos são todos multiprogramáveis.
Quais são as componentes de um marcapasso?
Com o passar dos anos, o dispositivo passou por melhorias significativas, principalmente em seus componentes.
Confira as principais características dos marcapassos cardíacos:
- Composto por um gerador e um ou mais eletrodo;
- Bateria de Lítio e/ou Iodo;
- Temporizadores ou oscilômetros;
- Circuito eletrônico posicionado e fechado por titânio;
- Transmissão bidirecional de informações entre o aparelho e o médico responsável;
- Memória para armazenar e/ou modificar os parâmetros do gerador;
- Circuito de saída e módulo de segurança.
Quando são indicados e quais tipos de doenças cardíacas podem ser tratadas?
O uso de marcapasso é indicado para pessoas que precisam tratar doenças relacionadas ao descompasso das batidas do coração:
- Bradicardia — são batimentos lentos e irregulares, o marcapasso é utilizado para corrigir a frequência;
- Insuficiência cardíaca — em alguns casos, os marcapassos podem auxiliar a coordenar as contrações do coração para melhorar a eficiência do bombeamento de sangue;
- Fibrilação atrial — embora um marcapasso não cure a fibrilação atrial, ele pode ajudar a regular a frequência cardíaca, quando usado em conjunto com outros tratamentos.
Para doenças congênitas também são indicados. Existem cirurgias de implantes do marcapasso para bebês e crianças para que vivam com mais qualidade de vida.
Como é a vida do paciente que utiliza marcapasso?
São muitos os relatos de pessoas que não conseguiam ter uma vida ativa devido aos batimentos irregulares do coração. E o marcapasso traz a possibilidade dos pacientes retomarem suas rotinas ou até incluir novos hábitos.
No entanto, é preciso tomar alguns cuidados logo após o implante. O paciente precisa de um período de recuperação e adaptação da vida com o marcapasso. Dessa maneira, inicialmente é importante evitar atividades mais pesadas e que envolvam movimentos bruscos do braço.
Além disso, consultas regulares com o médico cardiologista são fundamentais para acompanhar o pós-operatório e, posteriormente, monitorar o funcionamento do dispositivo. Continuar os check-ups com maior frequência, e fazer exames regulares para acompanhar o coração, como o eletrocardiograma.
Em suma, o marcapasso não é um limitante na vida do paciente. Ao contrário. Ele dá novas possibilidades para uma vida mais tranquila e saudável.
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