As temperaturas diminuíram em diversas áreas do país e, com o frio, surge uma preocupação: os riscos de infarto aumentam durante as baixas temperaturas. Por que o frio aumenta os riscos de infarto? O que acontece com nosso corpo? Confira dados importantes sobre esse assunto e saiba como prevenir e cuidar do seu coração mesmo nas temperaturas mais frias.
Riscos de infarto nas baixas temperaturas
De acordo com a American Heart Association (AHA), as complicações associadas à saúde cardiovascular crescem até 25% no inverno, como a arritmia cardíaca, o AVC, infarto e também a morte súbita.
Quando falamos em infarto, os dados não mudam: segundo o Instituto Nacional de Cardiologia, os índices de infarto agudo do miocárdio (IAM) podem aumentar em até 30% nos dias mais frios. Ainda, uma pesquisa realizada pela USP, sob orientação do cardiologista Luiz Antônio Machado César, demonstrou que há quase três vezes mais mortes por IAM quando a temperatura está abaixo de 14 graus.
Dados do Ministério da Saúde confirmam a informação: entre os anos de 2016 e 2020, os meses com maior número de óbitos por infarto foram junho, julho e agosto, que correspondem ao período de inverno no país.
O coração e o frio
A Neomed conversou com a Dra. Giovana Daher Fagotti, que faz parte da equipe médica da empresa e é cardiologista pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Confira a entrevista completa:
Neomed: Por que o frio aumenta os riscos de infarto? O que acontece com nosso corpo?
Dra. Giovana: A variação de temperaturas foi relacionada com aumento da mortalidade por doenças cardiovasculares (e não apenas infarto) nos hemisférios norte e sul, e isso se deve a múltiplos fatores.
No frio, os nossos vasos apresentam o que chamamos de “vasoconstricção”, ou seja, eles ficam mais apertados, o que gera elevação na pressão arterial, aumento na sobrecarga cardíaca para bombear o sangue, além de outros fatores como aumento da viscosidade sanguínea e aumento de substâncias próprias do nosso corpo como fibrinogênio, vasopressina, angiotensina, entre outros.
Além disso, no frio tendemos a nos alimentar de forma mais copiosa e com mais gordura, e a praticar menos atividade física o que, de forma geral, são fatores independentes de aumento de mortalidade cardiovascular.
Neomed: Quem é mais vulnerável aos efeitos das baixas temperaturas?
Dra. Giovana: Estudos mostram que homens são mais vulneráveis aos efeitos do frio do que as mulheres, mas essa diferença diminui à medida que os anos vão passando.
Neomed: As doenças respiratórias, comuns nesta época do ano, possuem alguma relação com as mortes por infarto no frio?
Dra. Giovana: As doenças respiratórias implicam em um aumento do risco cardiovascular por mecanismos como aumento do fibrinogênio e endotoxina e inibição do processo de fibrinólise. Além disso, as doenças respiratórias com infecções agudas e febris apresentam um aumento da demanda miocárdica, o que pode gerar rupturas de placas de gordura (ateroma) instáveis e ocasionar eventos cardíacos, como o infarto, por exemplo.
Neomed: Além da prevenção (com uma vida saudável), há algo que possa ser feito nessa época do ano para amenizar os riscos de infarto?
Dra. Giovana: Como a diferença de mortalidade é bem notada durante os meses do inverno, a população deve se atentar a isso e tomar algumas medidas, como continuar praticando atividades físicas, usar roupas quentes, ter uma dieta pobre em gorduras, além de se vacinar contra gripe e outras doenças respiratórias (pneumo 23, influenza e covid, por exemplo).
Estudos recentes também mostram que o aumento da poluição no inverno e a deficiência de vitamina D no mesmo período desempenham papel no aumento das doenças cardiovasculares. Dessa forma, a busca por hábitos mais saudáveis e a suplementação de vitamina D podem ter papel importante na redução do risco cardiovascular.
A Neomed trabalha para cuidar do coração de todos os pacientes, reduzindo a mortalidade cardiovascular no Brasil e no mundo e, por isso, ressaltamos a importância dos cuidados com o coração, especialmente no inverno.
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Gabriela Wegner é Analista de Marketing e Conteúdo na Neomed. Jornalista formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), já atuou em agências de comunicação e com comunicação na área da saúde.
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