Segmento ST: entenda sua importância no eletrocardiograma

O segmento ST é uma das partes mais importantes do eletrocardiograma (ECG) e carrega informações cruciais sobre a saúde do coração. Identificar alterações nesse segmento pode ser a chave para o diagnóstico precoce de condições cardíacas graves, como o infarto agudo do miocárdio. Neste artigo, você entenderá o que é o segmento ST, como interpretá-lo corretamente e por que ele é um marcador tão relevante na prática clínica.

O que é o Segmento ST?

O segmento ST é a porção do traçado eletrocardiográfico situado entre o final do complexo QRS e o início da onda T. Ele representa o intervalo entre a despolarização e a repolarização ventricular. Em outras palavras, é o momento em que os ventrículos estão eletricamente neutros após contraírem.

Em um ECG normal, o segmento ST deve estar alinhado com a linha de base (ou linha isoelétrica). Qualquer desvio, para cima ou para baixo, pode indicar uma alteração cardíaca.

Alterações no segmento ST: o que significam?

As alterações no segmento ST são classificadas principalmente em dois tipos: supradesnivelamento e infradesnivelamento. Ambas têm significados clínicos distintos.

Supradesnivelamento do Segmento ST

Causas comuns:

Infarto agudo do miocárdio com supradesnível do ST (IAM com supra)
Aneurisma ventricular
Pericardite aguda
Espasmo coronariano (angina de Prinzmetal)

Implicações clínicas:

O supradesnivelamento do ST é um forte indicativo de lesão transmural do miocárdio. Quando identificado em dois ou mais eletrodos contíguos, pode sinalizar um infarto em andamento, exigindo ação imediata. O tempo entre o início dos sintomas e a reperfusão é decisivo para o prognóstico do paciente.

Infradesnivelamento do Segmento ST

Causas comuns:

Isquemia subendocárdica
Angina instável
Hipopotassemia
Sobrecarga ventricular esquerda

Implicações clínicas:

O infradesnivelamento do ST indica isquemia miocárdica, geralmente subendocárdica. Apesar de ser menos grave que o supradesnivelamento, ainda exige atenção, pois pode evoluir para quadros mais críticos.

Como Identificar Alterações no Segmento ST?

Para reconhecer alterações no segmento ST:

Observe o ponto J (fim do QRS).
Compare o nível do segmento ST com a linha isoelétrica.
Verifique se o desnível está presente em dois ou mais eletrodos contíguos.
Analise a morfologia da onda T associada.

A interpretação deve sempre considerar o contexto clínico e histórico do paciente, evitando diagnósticos precipitados.

Diagnóstico e Tratamento

Alterações no segmento ST são apenas o início da investigação clínica. O diagnóstico requer exames complementares, como:

Marcadores cardíacos (troponina, CK-MB)
Ecocardiograma
Teste ergométrico
Angiografia coronariana

O tratamento depende da causa:

Infarto com supra: reperfusão miocárdica, muitas vezes realizada por angioplastia ou trombólise imediata.
Isquemia: controle medicamentoso, revascularização se necessário.
Distúrbios eletrolíticos: reposição adequada.

Prevenção e Monitoramento

A melhor estratégia para evitar complicações relacionadas ao segmento ST é a prevenção:

Controle de fatores de risco: hipertensão, diabetes, dislipidemia, tabagismo.
Avaliações periódicas com ECG, especialmente em pacientes com histórico familiar de doenças cardíacas.
Adesão a um estilo de vida saudável: alimentação balanceada, atividade física regular e gestão do estresse.

Conclusão

O segmento ST é um marcador silencioso, porém poderoso. Sua alteração pode ser o primeiro sinal de um evento cardíaco grave. Por isso, saber identificá-lo e interpretá-lo corretamente é fundamental para salvar vidas.

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