Stent no coração: saiba tudo sobre este dispositivo que salva vidas

As doenças cardiovasculares são realidade para boa parte dos brasileiros. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, citada em “Estatística Cardiovascular — Brasil 2023” da Associação Brasileira de Cardiologia, somente em 2019, havia um pouco mais de 12 milhões de pessoas com alguma condição cardíaca, sendo 51% homens.

Embora seja um número alto, também é possível visualizar um aumento nos procedimentos cardiovasculares, incluindo o uso de stent no coração. O avanço dos estudos na área de cardiologia nos beneficia com tratamentos cada vez mais eficazes e seguros.

Nesse sentido, vamos abordar neste blog post o que é o stent e a sua importância na vida de pacientes com doenças cardiovasculares.

O que é e quando surgiu o stent?

O stent é um tubo expansível que é inserido no interior de canais sanguíneos e tem como principal função evitar a obstrução por estreitamento das vias. Quando falamos mais especificamente das artérias, o stent previne o entupimento.

Geralmente é feito de liga metálica ou de materiais bioabsorvíveis. Este último, reduz ainda mais as chances de novas obstruções das artérias.

Sua história

Criado em 1978 por Julio Palmaz, a ideia surgiu depois de assistir à palestra de Andreas Gruentzig, criador do balão de angioplastia. Na época, Julio colocou um molde de liga metálica no balão e, junto a Richard Schatz, deu origem ao Stent Palmaz-Schatz.

O stent foi implantado pela primeira vez no Brasil em 1986, pelo médico Eduardo Souza e seu grupo de colaboradores. Desde então, se popularizou.

Como funciona um stent no coração?

O stent tem a finalidade de desobstruir artérias e assegurar o fluxo sanguíneo para o coração. O dispositivo é colocado fechado por meio de uma artéria periférica na região da perna ou do braço, e conduzido até o local correto. Depois, é inflado por um balão, que expande os vasos, retomando a circulação regular do sangue. 

Este é um dos métodos menos agressivos, que permite ao paciente ter alta após 24h da cirurgia.

Quais são os modelos utilizados atualmente?

Atualmente, existem mais de um modelo de stent. O mais comum é o metálico, entretanto, podemos encontrar mais duas variações:

  1. Farmacológico — revestidos por medicamentos que previnem o estreitamento reincidente das artérias;
  2. Bioabsorvíveis —  que se dissolvem a partir de 6 meses após a implantação e desaparecem totalmente em até 2 anos.

A escolha do melhor tipo de stent varia conforme o tipo de lesão. Por isso, deve ser sempre avaliado pelo médico cardiologista responsável pelo tratamento.

Quando é preciso colocar um stent cardíaco?

O stent se faz necessário quando o paciente apresenta doença coronariana e com o agravante de lesões que obstruem os vasos parcial ou totalmente.

Além disso, pode ser utilizado para tratamento de outras doenças cardiovasculares:

  • Dores no peito originadas pelo baixo fluxo sanguíneo;
  • Desobstrução da artéria devido a um infarto do miocárdio;
  • Desobstrução de artérias localizadas fora do coração, doença arterial periférica.

Importante ressaltar que deve ser analisado com muita cautela, pois é contraindicado o uso desse dispositivo em pacientes:

  • Que têm vasos muito pequenos;
  • Com lesões mais extensas que o habitual;
  • Com obstrução próxima à alguma bifurcação.

Qual a diferença entre cateter e stent no coração?

É muito comum confundir cateterismo com angioplastia — procedimento cirúrgico para introdução do stent — por ambos serem dispositivos utilizados em cirurgias.

Porém, a diferença está na finalidade e no material de cada um. O cateter é utilizado para tratar e diagnosticar doenças cardiovasculares, como se fosse um guia para realizar outros procedimentos, inclusive para introduzir o stent até o local obstruído da artéria.

Esta é a forma com que o stent é levado até o coração, por meio de um cateter com um balão, que é inflado no local em que se deseja fixá-lo.

Quais são os riscos deste procedimento para a saúde do paciente?

A colocação do stent no coração pode ter alguns riscos, ainda que mínimos, pois a taxa de procedimentos bem sucedidos supera 90%. 

Dessa maneira, é importante abordarmos também quais são esses riscos associados à angioplastia:

  • Reação alérgica aos materiais utilizados ou medicações;
  • Sangramento devido ao ponto onde é inserido o cateter com o stent;
  • Estreitamento da artéria tratada, conhecido como reestenose;
  • Coágulo formado no stent.

Embora tenham esses riscos listados acima, há um acompanhamento pré e pós cirúrgico que diminui consideravelmente as chances de desenvolver algum destes problemas.

Como é a recuperação pós cirurgia de angioplastia com stent?

Normalmente, quando não há uma cirurgia de emergência, a recuperação é rápida, incluindo o pré e o pós operatório. Após 24h da cirurgia, o paciente já pode receber alta e continuar a reabilitação em casa.

No processo de recuperação, é preciso seguir algumas orientações:

  • Evitar exercícios intensos e não levantar peso nas primeiras semanas;
  • Redobrar os cuidados com a área onde foi feito o procedimento;
  • Seguir as orientações médicas em relação à medicamentos, caso tenham sido indicados.

De modo geral, a recuperação pós operatória dura em torno de 15 dias. Após esse período, se não houver nenhuma outra recomendação, o paciente pode até voltar ao trabalho.

Quais cuidados se deve tomar para manter a saúde cardiovascular?

Os cuidados para ter uma vida mais leve e saudável também são válidos para manter a saúde cardiovascular em dia.

Logo após a cirurgia para colocar o stent, além de seguir as orientações médicas, o ideal é melhorar hábitos e realizar mudanças como:

  • Ter uma alimentação balanceada — com acompanhamento nutricional;
  • Praticar atividade física regular — incluir exercícios para melhorar o condicionamento físico;
  • Evitar o tabagismo — principal fator de risco para doenças cardiovasculares;
  • Diminuir o consumo de álcool — também pode prejudicar a saúde;
  • Monitorar a pressão arterial — manter sob controle.

Introduzir novos hábitos à sua rotina auxilia não só na recuperação pós cirúrgica, mas também traz mais qualidade de vida de forma integral.

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