No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é a principal causa de mortes: 300 mil pessoas sofrem ataques cardíacos todos os anos (Datasus, 2019). Considerando este cenário, um dos principais exames que auxiliam os médicos no diagnóstico de infartos, arritmias e outros problemas é o eletrocardiograma (ECG). Neste artigo, iremos abordar tudo sobre esse exame: o que é, como é feito o eletrocardiograma, como é realizado e a sua importância na hora de manter a saúde em dia.
Afinal, o que é o eletrocardiograma?
Para entender como é feito o eletrocardiograma, primeiro, é preciso saber o que é o exame. O ECG auxilia médicos cardiologistas na interpretação do ritmo cardíaco e das atividades elétricas do coração. Para isso, os eletrodos captam as variações das quantidades de íons de sódio presentes no corpo.
Assim, com os gráficos obtidos é possível identificar bloqueios ou outros problemas associados aos músculos, como doenças das válvulas cardíacas, pericardite, cardiomiopatia e sequelas cardíacas da hipertensão arterial e do infarto agudo do miocárdio.
É um exame essencial para que o especialista consiga entender qual é o quadro clínico do paciente e qual é a melhor maneira de conduzir a situação.
Como realizar um ECG?
Com o auxílio da tecnologia e da telemedicina, o eletrocardiograma, um exame relativamente simples de ser realizado, pode ser conduzido por profissionais da saúde treinados adequadamente e utilizando o eletrocardiograma digital, já que os resultados terão de ser enviados a um médico à distância. Veja abaixo o passo a passo de como é feito o eletrocardiograma!
Sem a necessidade de uma preparação específica, ou uso de medicação, é preciso que o técnico percorra as seguintes etapas:
Passo 1: Registrar o nome do paciente e todas as informações relevantes.
Passo 2: Solicitar ao paciente que se deite na cama. Se isso não for possível, ele deve permanecer sentado confortavelmente.
Passo 3: Colocar as braçadeiras nos locais indicados, conforme tabela de cores apresentada na imagem abaixo:
Passo 4: Posicionar os eletrodos ou instalar as ventosas com gel no tórax do paciente. Atenção nesta etapa: é preciso criar vácuo, por isso, pressione bem as ventosas. Além disso, coloque os eletrodos nos locais indicados, já que qualquer equívoco neste momento pode comprometer a emissão de um laudo de qualidade.
Passo 5: Iniciar o registro do traçado do ECG, sempre avaliando se as ventosas ou eletrodos não se descolaram da pele do paciente.
Passo 6: Retirar as ventosas e oferecer papel toalha para que o paciente possa higienizar o tórax, retirando, assim, o excesso de álcool em gel.
Passo 7: Enviar o exame ao cardiologista para interpretação.
Qual o papel do eletrocardiógrafo no exame realizado por um técnico?
Da mesma forma que o modo como é feito o eletrocardiograma é importante para um exame de qualidade, a tecnologia utilizada também é. O eletrocardiógrafo é o aparelho usado para captar as atividades elétricas do coração. É por meio dele, portanto, que o cardiologista consegue analisar os resultados e, a partir disso, buscar o tratamento mais compatível.
Existem alguns tipos de eletrocardiógrafo, sendo que alguns modelos são compactos e fáceis de usar. Com os eletrodos fixados na pele do paciente, ele coleta sinais cardíacos e transfere todas as informações para a tela de um computador ou outro dispositivo. Como vimos, os técnicos só podem conduzir o exame neste modelo de eletrocardiógrafo digital, pois, de outro modo, os resultados não poderão ser analisados pelo cardiologista posteriormente.
Como é feito o eletrocardiograma: em repouso ou em movimento?
Em resumo, existem dois métodos para realizar o exame. Ele pode ser feito em repouso, ou, quando necessário, deve ser feito para medir o ritmo cardíaco em casos de atividade física. Entenda como é feito o eletrocardiograma de cada tipo!
ECG padrão
Como o próprio nome sugere, é o padrão mais solicitado por médicos cardiologistas para identificar problemas cardiovasculares, porque consegue avaliar, em 12 derivações, como está o funcionamento do coração em uma situação de repouso. O paciente se deita em uma cama ou maca disponível durante o exame.
Nesse caso, o ideal é que o paciente não tenha realizado nenhum tipo de exercício nos últimos 10 minutos e que não tenha fumado nos últimos 30 minutos.
ECG de esforço
O ECG de esforço, por sua vez, fornece aos médicos informações adicionais sobre o estado do coração quando submetido à atividade física. É um exame fundamental para identificar a resposta do coração diante do esforço físico, considerando fatores como a pressão arterial, a frequência cardíaca e o comportamento do órgão ao retornar à normalidade.
O exame detecta, portanto, alterações na atividade elétrica durante o esforço, que podem ser bloqueios, alterações de ritmo, fibrilação atrial e taquicardia.
O ECG de esforço também permite a visualização de infra ou supradesnivelamento do segmento ST – segmento específico do traçado eletrocardiográfico que está intimamente relacionado com a perfusão do músculo cardíaco.
Uma alteração significativa neste segmento, portanto, pode indicar a dificuldade das coronárias em transportar oxigênio ao músculo cardíaco, reconhecendo, assim, falhas que não seriam visíveis no ECG padrão.
O eletrocardiograma de esforço pode ser feito tanto em bicicletas ergométricas como em esteiras. Inicialmente, a intensidade da atividade é mais lenta, mas, ao longo do tempo, ela aumenta gradativamente.
No entanto, durante o exame é possível parar em qualquer momento, se houver necessidade. Por isso, se o paciente precisar, pode descansar. No geral, o procedimento dura 20 minutos e o ideal é recomendar roupas adequadas para a prática de exercícios físicos à pessoa submetida ao procedimento.
Quem pode fazer o exame?
O eletrocardiograma é um exame seguro, sem contraindicações. Deve ser feito por todos os pacientes que apresentarem indicação clínica (arritmias, infarto, bloqueio de artérias, problemas nas válvulas), em pré-operatórios e para mais de 45 anos, no caso dos homens, ou de 55, no caso das mulheres. É necessário, no entanto, que o paciente consiga ficar em repouso durante o procedimento e que não tenha nenhuma lesão de pele que impeça a colocação dos eletrodos. Grávidas também podem fazer o ECG.
Além disso, o exame é prático, pois não exige nenhum preparo adicional, como jejum ou uso de medicamentos, por exemplo. Ele dura cerca de dez minutos e, depois disso, o paciente pode seguir com a sua rotina normalmente, sem a necessidade de atestado ou cuidados extras.
Como saber se o ECG apresenta boa qualidade técnica?
Todo procedimento exige técnica. O eletrocardiograma só é válido quando apresenta índices satisfatórios, desde qualidade e eficiência do equipamento até a maneira como foi executado. Para isso, o técnico deve observar algumas normas como a velocidade e amplitude do ECG:
- Em um eletrocardiograma ideal, a velocidade é de 25mm/s;
- A amplitude deve variar entre 1mV por 10 mm;
- Além disso, para uma boa avaliação, as 12 derivações do exame devem apresentar condições gráficas de qualidade;
Quais são as 12 derivações do ECG?
As derivações são levadas em conta juntamente com os sintomas do paciente quando for realizada a interpretação médica. Elas dividem-se em dois grupos:
- Derivação periférica: utiliza os membros superiores e inferiores como referência. São elas: d1, d2, d3, AVR, AVL, AVF
- Derivação horizontal: metodologia empregada para captação do sinal elétrico desde sua formação. São elas: v1, v2, v3, v4, v5, v6, sendo v1 a derivação mais próxima do início da condução do sinal elétrico, e v6, a mais próxima do destino final.
Caso o exame apresente características insatisfatórias para o estabelecimento de diagnósticos, é necessário repeti-lo.
Como interpretar o ECG do paciente?
O ECG deve ser, idealmente, interpretado por um cardiologista. Isso não significa, no entanto, que é obrigatório ter um profissional à disposição 24h, uma vez que com a telemedicina, a emissão dos laudos pode ser feita à distância por especialistas, como os da Neomed.
Se o eletrocardiograma demonstra qualidade satisfatória, é viável, então, realizar a análise e interpretação dos resultados. De acordo com as Diretrizes Da Sociedade Brasileira De Cardiologia Sobre Análise e Emissão De Laudos Eletrocardiográficos, o profissional da saúde deve ficar atento aos seguintes critérios na hora de enviar o exame:
1- Checagem das informações do paciente: é preciso ter a certeza de que o exame corresponde ao paciente em questão. Identificar dados importantes, como sexo e idade.
2- Qualidade do ECG: nesta etapa é necessário verificar se o traçado do eletrocardiograma não apresenta excesso de artefato e oscilação de linha de base, já que assim a interpretação fica comprometida.
Se tudo estiver correto, o médico, ao receber o exame, utiliza cinco parâmetros para interpretação e emissão de laudo. São eles:
- Ritmo Cardíaco: Verifica se o estímulo elétrico inicial se dá no nó sinusal, que é o marcapasso natural do coração.
- Despolarização Atrial: Verifica onda P, segmento e intervalo PR, que representa o estímulo elétrico transmitido aos átrios e a chegada dele no segundo ponto, o nó atrioventricular, onde ocorre uma pausa discreta para que os ventrículos se encham de sangue.
- Despolarização Ventricular: Verifica o complexo QRS (duração e amplitude).
- Segmento ST: Observa supra ou infra nivelamento, alterações ligadas a obstrução de coronárias.
- Repolarização Ventricular: Observa onda T e intervalo QT. Avalia o tempo de contração do coração (sístole) e repouso (diástole). Alterações como QT curto ou prolongado estão associadas a arritmias complexas e fatais.
A Inteligência Artificial (IA), no caso de exames feitos por técnicos, é uma grande aliada na hora de realizar uma interpretação precisa. Por isso, a Neomed conta com a Kardia, hub para acelerar o diagnóstico do infarto do coração e outras doenças. Ao fazer a pré-análise de um ECG, a Inteligência Artificial preenche uma tabela com os cinco parâmetros acima e, ao lado de cada um deles, atribui uma porcentagem, que significa a probabilidade do parâmetro apresentar alteração.
Se o paciente, por exemplo, estiver com alguma alteração no segmento ST, a Inteligência Artificial mostrará uma porcentagem alta ao lado do parâmetro, indicando o problema. Essa análise se dá por meio da comparação de milhares de ECGs averiguados pela IA, que apontaram o Segmento ST normal. Assim, ela consegue indicar que o segmento está diferente em comparação aos outros, o que pode configurar obstrução coronária.
A IA, acima de tudo, serve de suporte para o diagnóstico, que só pode ser confirmado com a análise de um médico especialista. A pré-análise, no entanto, facilita e agiliza a emissão do laudo à distância, fazendo com que o tratamento adequado se inicie o quanto antes e com que a clínica ou hospital possa receber uma demanda maior de exames.
Quais alterações são identificadas no eletrocardiograma?
A partir da rigorosa interpretação dos dados fornecidos pelo eletrocardiograma citados acima, é possível identificar as principais alterações do coração. Abaixo listamos sete dessas alterações:
- Desvio do eixo elétrico.
- Arritmias.
- Extra-sístoles.
- Alteração ventricular.
- Fibrilação atrial.
- Taquicardia atrial.
- Isquemia miocárdica.
Qual a importância dos laudos de eletrocardiograma?
São os resultados dos exames, afinal, que direcionam o cardiologista a promover o tratamento mais compatível com a situação de cada pessoa. As ondas que retratam o ritmo cardíaco são fundamentais no diagnóstico e, até mesmo, na prevenção de problemas, como o infarto.
Outro ponto levado em conta é a frequência dos batimentos, que segue um padrão entre 60 e 100 por minuto para ser considerado como normal. Dessa forma, contar um especialista no assunto é crucial para que seja feita uma análise minuciosa.
Caso seja necessário, o cardiologista pode solicitar exames mais específicos. Mas, na maioria dos casos, o eletrocardiograma é suficiente. Por esse motivo, ele é o primeiro exame realizado quando há suspeita de doenças cardiovasculares.
Assista na íntegra ao vídeo sobre a importância do eletrocardiograma no manejo de pacientes com alguma cardiopatia:
Como a telemedicina auxilia no laudo de eletrocardiogramas?
O uso da telemedicina em clínicas, hospitais e outros ambientes da saúde aumentou consideravelmente com a pandemia da COVID-19. A medicina diagnóstica, dessa maneira, também tem muito a ganhar com o novo modelo. O jeito como é feito o eletrocardiograma permite que a tecnologia emita laudos precisos de forma rápida e fácil.
Isso acontece porque existem empresas, como a Neomed, que oferecem plataformas certas, capazes de captar os dados gerados a partir do exame e, com isso, fornecer um resultado.
Dessa forma, uma equipe especializada na área analisará todos os gráficos e informações do ECG, após o envio feito pelo técnico. Feito isso, o laudo online fica disponível para análise do cardiologista responsável pelo paciente e, por fim, é entregue ao paciente.
Com rapidez e qualidade, a telemedicina otimiza o tempo dos médicos que contam com uma agenda cheia. Além disso, é um processo seguro e que garante a precisão em resultados de exames e dispensa a necessidade de um cardiologista de plantão na clínica ou no hospital para emissão de laudos.
Telemedicina e Inteligência Artificial possibilitam agilidade e segurança na emissão de laudos a distância
Como vimos neste post, o eletrocardiograma é um exame importante na área de cardiologia e tem um papel fundamental ao entender o funcionamento das atividades elétricas do coração. Apesar de ser, idealmente, interpretado por um cardiologista, pode ser realizado por outros profissionais da saúde treinados.
A telemedicina de qualidade e IA oferecidas pela Neomed, por exemplo, possibilitam mais agilidade na emissão dos laudos e representam economia para os gestores de hospitais e clínicas, que não irão precisar de um cardiologista de plantão.
Por meio do ECG enviado pelo técnico, o médico à distância visualiza os sinais e gráficos que indicam batimentos e outros aspectos importantes para a saúde do paciente. A emissão de laudos nesta modalidade também beneficia os pacientes, que mais rapidamente irão iniciar o tratamento adequado com o seu especialista.
O que você achou desta leitura? Entendeu como é feito o eletrocardiograma por profissionais da saúde? Então, deixe um comentário logo abaixo e compartilhe conosco uma dúvida ou opinião sobre o funcionamento de eletrocardiogramas!
Referências Bibliográficas
PASTORE CA, PINHO JA, PINHO C, SAMESIMA N, PEREIRA-FILHO HG, KRUSE JCL, et al.
III Diretrizes Da Sociedade Brasileira De Cardiologia Sobre Análise e Emissão De Laudos Eletrocardiográficos. Sociedade Brasileira de Cardiologia. ISSN-0066-782X, v. 106, n. 3, Supl. 1, Abril 2016. Disponível em: http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/01_III_DIRETRIZES_ELETROCARDIOGR%C3%81FICOS.pdf. Acesso em: 09 nov. 2021.
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Portal Cardiol. Disponível em: <https://www.portal.cardiol.br/>. Acesso em: 09 nov. 2021.
Diandro Marinho Mota é Diretor Médico da Neomed. Cardiologista pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC). Obteve o Título de Especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica (2012), Título de Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2013) e Certificado de Atuação na Área de Ecocardiografia pelo Departamento de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2014). Atualmente é doutorando em cardiologia pelo Programa USP/IDPC.
CRM SP 136.651
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